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domingo, 8 de novembro de 2015

[Filme] Crimson Peak, de Guillermo del Toro


Título Original: Crimson Peak
Título em Português: A Colina Vermelha
Realização: Guillermo del Toro
Argumento: Guillermo del Toro, Matthew Robbins
Elenco Principal: Mia Wasikowska, Jessica Chastain, Tom Hiddleston
Ano: 2015 | Duração: 119 min

Sinopse:
Quando o seu coração é roubado por um estranho sedutor, uma jovem é levada para uma casa no topo de uma colina de argila vermelha: um lugar repleto de segredos que a assombrarão para sempre. Entre o desejo e a escuridão, o mistério e a loucura, encontra-se a verdade por detrás de Crimson Peak.

Opinião da Carla:
Não sei até que ponto se pode dizer que se é fã de um realizador (ou qualquer outro aspecto) quando se conhece apenas uma ou outra coisa feita por essa pessoa. É o caso de Guillermo del Toro. Acho que del Toro é um pouco como Tim Burton, tem um quê especial nos seus filmes, uma característica tão particular que conseguimos sempre saber que se trata de um filme de Guillermo del Toro sem que seja necessário alguém nos dizer. A partir do momento em que Tom Hiddleston e Guillermo del Toro se juntaram para fazer Crimson Peak, este entrou automaticamente para a minha watchlist e tinha algumas espectativas elevadas, apesar de ter tentado manter-me o mais longe possível de críticas, comentários e até da história do filme.

Guillermo del Toro é o mestre a criar a atmosfera de um filme. A realização deste filme é qualquer coisa do outro mundo e todo o departamento de arte (em termos de décores, guarda-roupa, maquilhagem e tudo o mais) é pensado ao pormenor. Crimson Peak é possivelmente o filme mais creepy, mas mais elegante deste ano. Na minha opinião, a direcção de fotografia (como resultado de uma excelente realização) é o ponto forte deste filme. O contraste das cores cria um ambiente estranho e algo aterrador, como já referi. E acho que é assim que se mostra que um filme pode ser transformado em algo extraordinário através da realização, da montagem e afins, mesmo quando o argumento é bastante fraco.

E foi isso que achei. Achei que a história em si ficou um pouco aquém do que poderia ter sido. Edith Cushing (Mia Wasikowska) é uma rapariga americana muito particular. É ingénua, sonhadora, mas ao mesmo tempo tem o seu quê de irreverente e espevitada que quer um dia editar o seu livro sobre fantasmas. Quando Thomas Sharpe surge, Edith não consegue resistir ao charme e ao encanto misterioso deste britânico. Uma das curiosidades visuais que achei mais interessante é que Edith aparece no início com cores quentes e tons pastel, enquanto Thomas é sempre representado de negro e a sua irmã, Lucille, com tons fortes como vermelho e o negro.


Lucille destaca-se de tal forma, não só visualmente como representativamente, uma vez que foi possivelmente uma das melhores personagens do filme. Lucille é uma mulher muito marcada, com obsessão pouco saudável pelo irmão (e não só). Em contraste, Edith, a partir do momento em que se casa com Thomas e vai para Crimson Peak, passa a ser representada de branco – a imagem da pureza e da ingenuidade em pessoa. São estes pequenos pormenores que tornam o filme incrível.

Edith incomodou-me grande parte do filme porque era demasiado estúpida nas suas escolhas e atitudes. Burrinha, vá. Mesmo que ingénua há um limite para tudo, e Edith parecia que ia além desse limite. Enquanto isso, Tom Hiddleston consegue dar a Thomas Sharpe o ar de mistério irresistível, mesmo quando sabemos que ele está a fazer qualquer coisa de errado ficamos a torcer por ele e o mesmo se passa com Lucille, que como já disse foi uma das melhores personagens do filme. Jessica Chastain criou uma Lucille muito intensa; bastante comedida nas suas acções e naquilo que revelava sobre si, mas ao mesmo tempo tão exuberante, profunda e com uma obsessão extrema pelo irmão.


Crimson Peak é um extraordinário romance gótico, com leves hints de terror, que conseguiu elevar-se tecnicamente acima do pobre argumento que o suportava. Del Toro não desiludiu, e Crimson Peak é um filme incrível, principalmente a nível técnico e visual. Gostei de o ver e muito possivelmente gostaria de o voltar a ver porque tenho a certeza que, por mais atenta que estivesse, há muitos pormenores “escondidos” na técnica deste filme que me passaram despercebidos, porque Crimson Peak é todo ele metáforas. O que Edith diz sobre o seu livro transpõe-se para o filme de forma bem mais alargada:

"It's not a ghost story. The ghost is a metaphor for the past."




Opinião da Joana:
Fomos ver este filme no Halloween e foi uma boa escolha. Este filme de terror gótico atrai especialmente pelas cores, pela luz, pelos efeitos especiais, pelo guarda-roupa. Guillermo del Toro é um realizador que se tornou conhecido especialmente por ser algo excêntrico no que toca à realização de filmes.


Uma das coisas que gostei bastante foi o facto de o próprio espaço, neste caso a casa onde se passa a maior parte da acção, ser uma personagem, no sentido em que a casa está viva, a casa tem um espírito próprio, além dos fantasmas que lá habitam.


O próprio chão “sangra” com a colina – ou se formos a ver o sentido metafórico, com o que lá é feito, com a crueldade que está presente naquela família.

Todo o espectáculo de luzes que é feito entre as sombras e as velas que Edith (Mia Wasikowska) usa quando vagueia pela casa na sua camisa de noite (que mostra especialmente o vestuário da época retratada, como podemos ver em seguida) causa no espectador uma sensação de expectativa e de suspense que faz com que estejamos com atenção redobrada a todos os pormenores – ainda que seja difícil “apanhar” tudo o que se passa e contribui para o entendimento do filme à primeira (como acontece com a maioria dos filmes que nos prendem verdadeiramente).


Edith Cushing é, ao contrário de Thomas (Tom Hiddleston) e Lucille Sharpe (Jessica Chastain), uma jovem ingénua e inocente que, como algumas mulheres da sua época, tenta escrever o seu romance, que inclui fantasmas. Edith e Thomas acabam por se apaixonar e casar, apesar das peripécias que acontecem pelo caminho. E é aqui que a verdadeira acção começa a desenrolar-se. Lucille é muito creepy, chega a ser verdadeiramente assustadora com a sua maneira de ser, enquanto que Thomas tenta, apesar de tudo, que a sua mulher se sinta bem-vinda e amada na sua nova casa.

Todos os actores tiveram performances fantásticas, cada um a mostrar o seu lado mais amoroso, inocente, assustador, inteligente, curioso, obsessivo, etc, consoante a cena em que estavam, mantendo a integridade das personagens.

Talvez tenha havido algum exagero no que toca ao conjunto completo do filme, mas acaba por ser isso que identifica particularmente este realizador. O argumento, esse sim, poderia ter sido melhor, pois acaba por ser apenas uma história de amor misturada com um tipo de terror gótico, que pretende que o espectador receie mais a sua sombra e o que o rodeia do que propriamente aquele terror que verdadeiramente assusta.

No fim, é um filme interessante e curioso, que mostra a sagacidade de uma jovem mulher no fim do século XIX e mudança de casa (há sempre possibilidades de problemas com uma mudança de ambiente), dos fantasmas que a assombram pessoalmente e que assombram a família que ela ganha por meio do casamento, com um toque de desespero de várias personagens.

Acaba por ser um filme muito humano, na minha perspectiva, no sentido em que tenta tratar dos medos irracionais de cada um, do medo de estar sozinho no mundo, do medo do desconhecido, da perda.



4 comentários:

  1. Aii, eu quero muito ver este filmes, mas sou um bocado medricas no que toca a coisas que envolveam terror...por muito pouco que seja. Ahah.

    Lena's Petals xx

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    1. Tem cenas marcantes, e algumas podem entrar no conteúdo de "terror" - afinal de contas tem fantasmas :P mas o filme é bastante bom. vale a pena ;)

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  2. Estou cheia de vontade de ver este filme :D gostei das vossas "reviews"!

    Bj

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