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terça-feira, 31 de março de 2015

[Livro] Segredos de uma condessa respeitável, de Lecia Cornwall


Título Original: Secrets of a Proper Countess
Título em Português: Segredos de uma condessa respeitável
Série: Secrets #1
Autor(a): Lecia Cornwall
Editora: Planeta
Páginas: 364
Data de Publicação: 18 de Março de 2015

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Sinopse:
Lady Isobel Maitland não se pode dar ao luxo de ser apanhada fazendo qualquer coisa, mesmo remotamente, escandalosa, ou corre o risco de perder tudo o que tem de mais querido. Mas uma noite, num jardim escuro num baile de máscaras, Isobel cede à tentação e permite que um namorisco inocente com o marquês de Blackwood se transforme em paixão...

Opinião:
Foi a primeira vez que li um livro de Lecia Cornwall. Com um plot interessante, esta história teve pontos fortes e pontos fracos: uma mulher que tudo tenta fazer para proteger o filho, lidando com familiares que são autênticos vilões e que acabam por ser algo previsíveis.

Isobel Maitland é Condessa e mãe do pequeno Robin, o Conde, e é controlada, literalmente controlada, pelo seu cunhado Charles e pela sogra Honoria. A risco de perder o seu filho, Isobel envolve-se com o marquês de Blackwood, Phineas.

Não gostei que ela estivesse sempre preocupada com o filho e com o lhe podia acontecer mas cometesse o mesmo erro com Blackwood várias vezes, não pensando sequer na possibilidade de engravidar.

Phineas é suposto ser um espião para a Coroa inglesa mas não consegue descobrir a identidade de uma mulher que vê, após o seu encontro, quase todos os dias. Também eu, se fosse ela, me sentiria humilhada e irritada por não ser reconhecida.

Isobel acaba por irritar um bocadinho, assim como a Marianne, uma das irmãs de Phineas. Acaba por ser uma mulher que apesar de saber disparar uma pistola e saber proteger-se, não é nada prática.

Apesar de todos estes pontos menos bons, a história teve um bom ritmo, com momentos eróticos curtos mas intensos, apesar de haver pouca história de amor – foi tudo um pouco rápido de mais para o meu gosto.

Em geral, um bom livro que ficou aquém das expectativas.

segunda-feira, 30 de março de 2015

[Livro] Lola and The boy next door, de Stephanie Perkins


Título Original: Lola and the Boy Next Door
Título em Português: --
Série: Anna and the French Kiss #2
Autor(a): Stephanie Perkins
Editora: Speak
Páginas: 338
Data de Publicação: 09 de Julho de 2013

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Sinopse:
Lola Nolan is a budding costume designer, and for her, the more outrageous, sparkly, and fun the outfit, the better. And everything is pretty perfect in her life (right down to her hot rocker boyfriend) until the Bell twins, Calliope and Cricket, return to the negihborhood. When Cricket, a gifted inventor, steps out from his twin sister's shadow and back into Lola's life, she must finally reconcile a lifetime of feelings for the boy next door.

Opinião:
Começo por dizer que este livro foi difícil de ler. Foi-me emprestado e eu tenho por norma ler o mais rápido possível livros que me foram emprestados porque pode sempre acontecer qualquer coisa e depois puff, adeus livro – e se há coisa que não gosto é que os meus livros façam puff, por isso não deixo que isso aconteça aos de outras pessoas. Demorei um mês a ler este livro – o que foi muito.

Para começar, devo dizer que li o livro anterior da série, Anna and the french kiss, e gostei muito. Se não me tivessem avisado que este novo livro era muito mais fraco e que havia personagens que não ia gostar, até podia culpar as minhas próprias expectativas mas não foi o caso.

A história de Lola não me cativou. Tão simples como isso. E porquê? Porque eu não gostei da Lola. É difícil gostar de um livro quando não se gosta da personagem principal. Era uma personagem que não se conseguia definir apesar do leitor conseguir ver bem quem ela era e isso tornou-a algo irritante, apesar de ter alguns toques interessantes.

Gostei do Cricket, a personagem masculina principal. Mas gostaria que me explicassem porque é que alguém no seu perfeito juízo iria chamar ao seu filho “cricket” (grilo). Não é alcunha, não é apelido, é nome próprio. Se alguém me conseguir explicar, por favor, diga. Ele é querido e amoroso, mesmo “o rapaz da porta ao lado”.

Gostei dos pais de Lola, Nathan e Andy. Pais compreensivos mas algo protectores, eram pessoas que não me importaria de conhecer e quem sabe provar uma das famosas tartes de Andy.

A melhor parte do livro foi mesmo rever a Anna e o St.Clair (as personagens principais de Anna and the french kiss).


~ Podem aceder à review da Carla aqui. ~

domingo, 29 de março de 2015

[Teatro] Mulheres de Otelo, de Claudio Hochman


Título: Mulheres de Otelo
Local: Teatro da Trindade (Sala Estúdio)
Texto: Claudio Hochman (a partir de William Shakespeare)
Encenador(a): Claudio Hochman
Elenco: Sofia Ângelo, Rita Martins e Samanta Franco
Produção: Teatro de Carnide

Sinopse:
Na peça de “Otelo” de Shakespeare há três mulheres. A famosa Desdêmona, mulher do Mouro, a dubitativa Emília, mulher do malvado Iago, e Branca, a prostituta que namora com o destituído tenente Cássio.

Em “ Mulheres de Otelo”, uma produção do Teatro de Carnide, conta-se a história destas três mulheres, as suas visões, suas posturas, seus pensamentos, suas relações, suas incertezas… Também através delas se conta a história de Shakespeare, desta vez na ausência de homens em palco. Um espaço vazio para se encher de emoções. Um jogo onde as palavras e a ação desnudam o mundo das personagens e das atrizes. Uma visita ao mundo shakespeareano numa perspetiva contemporânea.

Opinião Carla:
Esta produção do Teatro de Carnide, Mulheres de Otelo, encenada por Claudio Hochman, já esteve em cena no próprio espaço do Teatro de Carnide, no final do ano passado, e já nessa altura queria ter ido assistir ao espectáculo. Coisa que acabou por não acontecer. Mas quando fui assistir a Macbeth (podem encontrar a crítica aqui), também encenado por Claudio Hochman, e me disseram que iam fazer uma reposição de Mulheres de Otelo no Teatro da Trindade não pensei duas vezes. Tinha que ir.

Confesso que a peça que serviu de ponto de partida para este espectáculo faz parte da minha lista de futuras leituras, querendo isto dizer que o meu conhecimento sobre a história limita-se apenas a pequenas pesquisas sobre a mesma.

Mulheres de Otelo foi levada à cena na Sala Estúdio do Teatro da Trindade - uma sala pequena no úlitmo andar. A cenografia era simples, limitava-se ao fundo negro da própria sala, lâmpadas penduradas do tecto de cor branca, azul e vermelha, três puffs quadrados, um balde, uma esfregona, uma pá e uma vassoura. Em palco estavam apenas três actrizes, as três mulheres da peça Othello de William Shakespeare: Emília, a aia; Desdemona, a senhora; e Branca, a prostituta preta. Duas das actrizes eram-me já familiares, as que faziam de Emília e de Branca, as mesmas que em Macbeth tinham feito duas das três bruxas.

Neste espectáculo acompanhamos a vida e as peripécias das três mulheres: Emília, Desdemona e Branca. Há uma relação entre as personagens, as actrizes e o público. Cada atriz encarnava uma das mulheres da peça, mas muitas vezes a actriz sobressaía em relação à personagem e falava directamente com o público, e também entre elas. A certa altura esta separação, e ao mesmo tempo fusão, torna-se quase imperceptível e ficamos no limite a tentar perceber se estamos perante a actriz (que não deixa de ser uma personagem) ou a personagem. Para um espectáculo baseado numa tragédia, os momentos cómicos foram imensos, mas a tensão da tragédia também esteve bem presente. E foi este jogo entre o cómico e o trágico que torna o espectáculo tão interessante, tão aprazível e tão satisfatório.

Tenho a dizer que fiquei fã deste grupo de teatro e decididamente estarei de olho em futuros espectáculos produzidos pelo Teatro de Carnide. Ambos espectáculos a que assisti foram soberbos. Com a simplicidade de adereços, o aproveitamento do espaço e a forma como se entregam às personagens é do melhor que tenho visto. Como disse na minha crítica a Macbeth, Claudio Hochman, o encenador de ambas as peças que assisti produzidas pelo Teatro de Carnide, mostra que se pode fazer um grande espectáculo sem grandes cenas rebuscadas, sem grande alarido visual, mas ainda assim criar uma atmosfera e um ambiente visual bastante interessante. Houve a recorrência ao jogo de luzes, de uma forma diferente que no espectáculo de Macbeth, mas que da mesma forma foi muito bem criada e executada.

Eu ia com algumas espectativas para este espectáculo, depois de já ter assistido a algo criado pelas mesmas pessoas e ter gostado tanto, e não desiludiu, antes pelo contrário. Adorei o espectáculo, adorei a cenografia, adorei a representação. Simplesmente adorei.





Opinião Joana:
Não sei bem o que estava à espera quando fui ver Mulheres de Otelo mas só posso dizer que foi uma agradável surpresa.

Numa sala estúdio bastante confortável estavam muitas lâmpadas penduradas cujas cores variavam entre azul, vermelho, amarelo e branco. Estavam em palco três mulheres, todas de vermelho, com fatos diferentes: Desdémona, Emília e Branca, cada uma sentada num puff quadrado preto.

Numa peça composta fisicamente só por estas três mulheres, isto poderia ser potencialmente problemático - contudo foi exactamente o oposto. Apesar de não existir qualquer elemento masculino no palco, conseguíamos quase sentir a presença masculina nas conversas que elas tinham, fosse com as lâmpadas que acendiam de acordo com a personagem que estaria nesse momento em palco ou de acordo com o seu estado de espírito, fosse com o movimento criado pela passagem das mulheres pelas lâmpadas ou pelo movimento que por elas era induzido.

A nossa atenção era constantemente captada pela interpretação das actrizes com um humor fantástico (o quão piamente Desdémona acreditava que o trabalho do seu pai, um político, era fazer as pessoas felizes), que conseguia fazer-nos rir num momento ou ficar com o coração apertado pela ira que as personagens masculinas (ainda que não estivessem fisicamente em palco) mostravam pela reacção das mulheres.

O público acaba por ter também aqui um papel importante e algo participativo, dado que nos foram colocadas perguntas que nos fizeram rir e o facto de muitas vezes as actrizes focarem-se num elemento masculino do público para dizerem e interpretarem as falas acabou por levar as pessoas a fixarem-se muito mais na peça e no texto.

Gostei muito do espectáculo de luzes e movimento e não sei que mais elogios possa fazer às actrizes, foram fantásticas e as suas interpretações levaram-nos para as suas respectivas histórias de vida, onde nos identificamos com o apaixonar de Branca, uma prostituta (ela referia-se a si própria como Branca, a Puta) que se apaixona pela primeira vez e que acaba por duvidar do seu valor para o homem que ama (não passamos nós por fases em que podemos duvidar do nosso próprio valor em algum ponto da nossa vida?), Emília, a criada que acaba casada com Iago, um homem violento, maldoso e cruel e Desdémona, que se apaixona por Otelo, pensando que ele é uma pessoa e ele acaba por mostrar ser alguém bem diferente do que ela achava (soa familiar?).

Em conclusão, uma peça fantástica que nos prende do início ao fim, com interpretações fortes e seguras, que mostram a qualidade das actrizes, com um ambiente simples mas que é mais que suficiente para dar destaque ao texto e a quem o executa.



sábado, 28 de março de 2015

[Teatro] Puro Sangue, de Júlio Mesquita


Título: Puro Sangue
Local: Auditório Municipal Augusto Cabrita
Texto: António Onetti
Encenação: Júlio Mesquita
Interpretação: Carolina Maya Brandão, Inês De Sá Frias, Leonel Moteiro, Miguel Linares, Miguel Sá Nogueira, Nuno Pereira, Pedro Linares, Pedro Martinho e Vicente Wallenstein
Produção: Vigilâmbulo Caolho

Sinopse:
Num ambiente que poderá ser o de uma pequena comunidade andaluza, ou que talvez seja afinal o de qualquer dos micro-mundos que nos dão forma, dá-se um encontro entre um tiranete e seus acólitos, um jovem ingénuo, e uma jovem mulher marcada por um destino que não escolheu.

O processo criativo que a Vigilâmbulo Caolho escolheu para esta peça pretende colocar o foco no trabalho do actor, na sua intima relação com a personagem, e em todo o processo de procura e pesquisa para chegar à sua forma final. Este teatro foca-se numa partilha de pensamentos e emoções com o público, fazendo com que se dê uma identificação por parte de quem assiste. Para tal, trabalha-se a própria emoção/sensação do actor, não através da sua memória afectiva como recuperação, mas da presença dessas emoções/sensações no preciso momento da representação. Todo este método é revelado perante o público, através do assumir do artifício, o que leva a que o espectador acompanhe este processo de procura e descoberta no momento em que assiste ao espectáculo, de forma semelhante ao que ocorria na tragédia grega, e assim o envolvendo na experiência teatral.

Opinião:
Ontem foi O Dia Internacional do Teatro e por essa razão decidi ir ao teatro. Mentirinha! A minha ida ao teatro ter calhado precisamente no Dia Internacional do Teatro foi mera coincidência. Uma coincidência engraçada, mas coincidência ainda assim.

Fui assistir a Puro Sangue, encenado por Júlio Mesquita com texto de António Onetti, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro. A viagem até lá foi uma aventura, mas isso é assunto para outro local e momento.

Comecemos pelo palco, uma vez que achei a organização do palco e plateia muito interessante. Duas filas de cadeiras foram colocadas num palanque, longitudinalmente em cada lado do palco e o cenário situava-se entre essas duas filas de cadeiras. O cenário era composto, ao centro, por três mesas rodeadas de cadeiras e uma mesa de jogo, daquelas com o tampo verde. Num lado um balcão de um bar e do lado oposto o chão estava coberto por cascalho, um tronco rachado e folhagem verde.

A minha relação com a peça é uma relação de mixed feelings. Em geral, achei a peça bastante fraca. Cenas demasiado longas, silêncios demasiado longos. A representação não era grande coisa, mas vim a saber que os actores não têm propriamente formação, que o fazem por gosto nos seus tempos livres - o que para mim já é uma mais valia. Acho que devido a esta lentidão não consegui ligar-me aos acontecimentos. E, sendo franca, houve uma altura que a minha cabeça simplesmente se apagou para o que estava a acontecer.

No entanto, houve alguns aspectos que gostei. Primeiro, o que achei interessante, foi que as personagens descreviam e narravam certas partes das cenas. Nunca tinha visto uma peça em que fizessem isso e achei engraçado e diferente. Em termos de representação, houve duas cenas que adorei de tão fortes e bem representadas que estavam: ainda relativamente no início, quando uma das personagens femininas chora agarrada ao tronco onde o seu pai morrera momentos antes; e a cena da luta entre as duas personagens femininas... Ambas as cenas foram extremamente fortes e violentas. Foram as minhas cenas favoritas porque foram os únicos momentos em que, mesmo que levemente, senti afectada por aquilo que estava a ver.Mas estes aspectos positivos não foram o suficiente para me fazer gostar em pleno da peça.


quarta-feira, 25 de março de 2015

[Filme] The Theory of Everything, de James Marsh


Título Original: The Theory of Everything
Título em Português: A Teoria de Tudo
Realização: James Marsh
Argumento: Anthony McCarten (argumento), Jane Hawking (livro)
Elenco Principal: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior
Ano: 2014 | Duração: 123 mins

Sinopse:
Nascido em Oxford (Reino Unido), a 8 de Janeiro de 1942, Stephen William Hawking é considerado um dos mais importantes astrofísicos de todos os tempos. Em 1963, enquanto estudante de Física na conceituada Universidade de Oxford, Stephen está decidido a encontrar uma "simples, eloquente explicação" para o Universo. Nesta época, já depois de conhecer Jane Wilde, uma jovem estudante de Artes por quem se apaixona, é-lhe diagnosticada esclerose lateral amiotrófica, uma doença incurável e degenerativa que leva à perda permanente de movimento muscular. Os médicos não lhe dão mais de dois anos de esperança de vida. Com capacidades físicas a cada dia mais limitadas, casa com Jane, com quem vem a ter três filhos. Com a ajuda dela, supera os maiores obstáculos, sem nunca perder a vontade de viver nem a sua extraordinária capacidade de se assombrar com o Universo. Depois de três décadas de vida em comum, a relação do casal termina e cada um segue o seu caminho… Um filme dramático sobre o amor e capacidade de superação, realizado por James Marsh ("Homem no Arame") segundo um argumento de Anthony McCarten. "A Teoria de Tudo" adapta a obra biográfica "Travelling to Infinity: My Life with Stephen", onde Jane Wilde Hawking descreve os seus anos ao lado de Stephen.

Opinião:
Este deve ter sido um dos filmes mais difíceis de classificar. E vou já explicar porquê.

Não que entenda muito de Física (confesso que possivelmente era a cadeira que menos gostava na escola e quando fui para a faculdade e enveredei para Biologia – apenas por dois anos – Física tornou-se na pior cadeira que poderia ter na faculdade, e consequentemente a minha constante dor de cabeça), mas o Universo, a relação tempo-espaço sempre me fascinou e gostar deste assunto e não falar de Stephen Hawking é impossível.

Quando saiu o trailer deste filme fiquei automaticamente fascinada e intrigada. Queria demasiado ver este filme, saber mais da história por trás do homem que mesmo preso a uma cadeira de rodas automática nunca deixou que isso lhe prendesse a mente. Mas para um filme sobre Stephen Hawking, é Jane Hawking a verdadeira personagem principal deste filme, o que faz sentido tendo em conta que o filme tem como base o livro escrito por Jane e não Stephen.

Se ficássemos por aqui talvez o filme não teria ido além das três estrelas e seria porque o romance até é fofinho, bem desenvolvido e o filme, em si, tem uma construção interessante. No entanto, só tenho um nome: Eddie Redmayne. O Óscar de Melhor Actor que este rapaz levou para casa foi, sem sombra de dúvida, muito bem entregue. A forma como Eddie se entregou ao papel é extraordinária e de partir o coração. Grande parte do valor deste filme como objecto de sétima arte é devido a este actor. Não conseguiria dar menos do que quatro estrelas a Eddie. Ele simplesmente suplantou todas as espectativas não só como intérprete, mas toda a fisicalidade e expressão com que Eddie deu vida a Hawking.

O filme no final sabe a pouco, tanto quanto à história de Jane (que sendo uma biopic baseada num livro escrito por ela deveria ter explorado outros caminhos) como de Stephen (onde a ciência e o trabalho de Hawking ficaram àquem do esperado), mas a performance de Redmayne é inesquecível e é por esse motivo que este filme leva esta classificação. E para terminar não consigo resistir em colocar a citação que mais gostei deste filme:

“There should be no boundaries to human endeavor. We are all different. However bad life may seem, there is always something you can do, and succeed at. While there's life, there is hope.”



~ Podem aceder à review da Joana aqui. ~

domingo, 22 de março de 2015

[Filme] Song of the Sea, de Tomm Moore


Título Original: Song of the Sea
Título em Português: --
Realização: Tomm Moore
Argumento: Will Collins, Tomm Moore (story)
Elenco Principal: Lucy O'Connell, Colm Ó'Snodaigh e Liam Hourican
Ano: 2014 | Duração: 93 mins

Sinopse:
Ben e Saoirse são duas crianças que vivem à beira do mar numa cabana com o seu pai, que permanece perdido no tempo desde a morte da sua mulher, mãe de Ben e Saoirse, uns anos antes. Apesar de Ben estar bem consciente da responsabilidade que implica ser ele o irmão mais velho, continua a sentir-se frustrado perante Saoirse, que com os seus 6 anos, ainda não pronuncia uma única e simples palavra. Um certo dia, a menina descobre uma flauta de concha que pertencia à sua mãe. Rapidamente começa a improvisar música que se transforma não só num meio de comunicação, mas sobretudo na chave que abre um segredo mágico que ficara esquecido no passado remoto da sua mãe.

Opinião:
Depois de um fim de semana enterrada nos livros – a estudar para os testes da próxima semana, embrenhada no relatório do estágio e mais uma miscelânea de coisas relacionadas com a faculdade – decidi pôr tudo de parte e ver um filme. Escolhi o Song of the Sea, porque há muito que estava na minha watchlist. E bem dita a hora que o fiz.

Song of the Sea é possivelmente o filme mais bonito que alguma vez vi. É um filme de animação em que acompanhamos a história de dois irmãos, Ben e Saoirse, desde que perderam a mãe. O filme está repleto de magia, história e mitologia irlandesa.

Para começar, este filme entrou para a minha watchlist não só porque esteve nomeado para os óscares, na categoria de animação, mas também porque envolvia o mar. Eu e o mar temos uma relação que pode não parecer muito forte, para quem está de fora, mas o mar é possivelmente o meu lugar favorito do mundo. Odeio areia, odeio multidões, e daí dizer que não gosto de ir à praia, mas estar junto ao mar tranquiliza-me, faz-me sentir melhor, faz-me pensar com clareza. Tenho pena tremenda de não ter possibilidade de estar próxima do mar. A água é o meu elemento.

E como disse, para além de ter uma bela história, o filme é incrivelmente belo em termos de imagem. Fiquei agarrada não só ao que estava acontecer, à magia de toda a mitologia irlandesa presente neste filme, mas também à animação. Este filme, na minha singela opinião, é uma verdadeira obra de arte visual. Aparentemente básico e simples, é um filme perfeito com uma banda sonora extraordinariamente agradável que encaixa com a atmosfera do filme e com o mito em si que nem uma luva.

Sinceramente, não consigo dizer mais que “é um filme belo”. Não faz justiça ao que senti ao ver este filme, parece pouco para a forma como me tocou, mas é isso. Adorei-o. Saoirse é possivelmente a menina-boneca mais bonita que vi e é a coisinha mais adorável de sempre, tanto em menina humana como em foca.



quinta-feira, 19 de março de 2015

[Filme] Dans la maison, de François Ozon


Título Original: Dans la maison
Título em Português: Dentro de Casa
Realização: François Ozon
Argumento: Juan Mayorga (peça), François Ozon (argumento)
Elenco Principal: Fabrice Luchini, Vincent Schmitt e Ernst Umhauer
Ano: 2012 | Duração: 105 mins

Sinopse:
Claude Garcia, um jovem estudante de 16 anos, imiscui-se em casa de um colega de turma com intenção de observar a sua família e usá-la como inspiração para a sua escrita. Quando o ano lectivo se inicia, Germain, o professor de literatura francesa, percebe, através dos trabalhos que pede aos alunos, que aquele rapaz é possuidor de um dom raro. Apesar de introvertido e solitário, a sua personalidade cativa o professor, que considera que as obras literárias por ele criadas possuem uma força fora do comum, que vai muito além da sua idade ou maturidade. Porém, com o passar do tempo, os textos começam a revelar o seu lado "voyeurista" e perverso, com detalhes cada vez mais explícitos sobre a vida privada da família em questão. Dividido entre a decisão de o denunciar ou de o encorajar a continuar, o professor entra num perigoso jogo que porá em causa algo mais do que a sua carreira ou reputação.

Opinião:
Mais um filme que vi no âmbito de uma cadeira da faculdade. Até agora tenho tido “sorte” porque todos os filmes que tenho visto na faculdade – este ano e anos anteriores –, com a excepção de um ou outro, têm sido bastante interessantes e bons. Dans la maison é um deles.

A escolha deste filme para visualização em aula prende-se pela ligação da escrita e do cinema, coisa que neste filme é fulcral. Acompanhamos Claude Garcia, um rapaz de um estrato social baixo, prestes a desistir da escola quando o professor de Francês dá como trabalho de casa à turma escreverem uma redação sobre o fim de semana. Dentro do rol de trabalhos de casa sem-saborões, sem qualquer tentativa de fazer o quer que seja, Germain depara-se com a redação de Claude e fica tão agarrado à escrita que decide ajudar o aluno a ganhar gosto pela escrita e desenvolver o talento inerente que já possui.

A partir deste momento, começamos a seguir as aventuras de Claude na casa do amigo – objecto da escrita das suas redações – e cada folha do conto é fundido com pequenos filmes que representam aquilo que Claude escreve. Germain está tão imbuído na história de Claude que chega a roubar os testes de matemática, porque Claude disse que se o amigo não tivesse boa noite nunca mais poderia voltar à casa (Claude usara a desculpa de ser explicador de matemática de Rapha para entrar na casa do amigo e “ver como era a vida de uma família de classe média”) e era fundamental para ele conseguir escrever estar lá, estar “dentro de casa”. Claude é um voyeur dentro da casa do amigo, o Professor é também um voyeur porque quer sempre saber mais da história e até nós somos uns voyeurs porque não queremos largar nem o conto nem o filme.

A certo momento começamos a ter interferência do “fora de casa” dentro da história de Claude, com a inserção de Germain a comentar o conto mesmo dentro dos pequenos filmes que representam a escrita, algo muito à Woody Allen. Todas as críticas e sugestões de Germain são inseridas nas futuras páginas do conto, e várias vezes temos cenas repetidas que são nada mais do que reescrita de certos momentos.

É uma história divertida e cheia de peripécias engraçadas. Claude consegue prender-nos não só ao filme em si, mas ao seu conto, queremos sempre saber o que se passa e se é realidade ou ficção – coisa que nunca conseguimos ter 100% de certeza porque a certa altura aquilo que achávamos ser exterior ao conto que Claude escreve passa a fazer parte da própria história. Germain passa a ser uma personagem do próprio conto, o facto de Claude estar a escrever um conto é também objecto de escrita do mesmo conto.

No final de contas, o que é “dentro de casa” e o que é “fora de casa”? Não podemos ter certeza de nada e isso é a beleza do filme. Literatura e cinema estão intrinsecamente ligados neste filme, fazendo-nos maravilhar com o mundo da literatura e o do cinema – o poder da criatividade! Vampirização da vida para criar ficção.


quarta-feira, 18 de março de 2015

[Livro] Lola and the Boy Next Door, de Stephanie Perkins


Título Original: Lola and the Boy Next Door
Título em Português: --
Série: Anna and the French Kiss #2
Autor(a): Stephanie Perkins
Editora: Speak
Páginas: 338
Data de Publicação: 09 de Julho de 2013

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Sinopse:
Lola Nolan is a budding costume designer, and for her, the more outrageous, sparkly, and fun the outfit, the better. And everything is pretty perfect in her life (right down to her hot rocker boyfriend) until the Bell twins, Calliope and Cricket, return to the negihborhood. When Cricket, a gifted inventor, steps out from his twin sister's shadow and back into Lola's life, she must finally reconcile a lifetime of feelings for the boy next door.

Opinião:
Lola and the Boy Next Door é o segundo volume da série Anna and the French Kiss, por Stephanie Perkins. Podia perfeitamente ser o um livro independente do anterior, não fosse o facto de que Anna e St. Clair aparecem neste livro como personagens secundárias – o que achei até engraçado e interessante.

Neste livro acompanhamos a vida de Lola Nolan, uma rapariga de 17 anos super irreverente, com os seus dois pais e o namorado, Max, bem mais velho que ela – coisa que Andy e Nathan, os pais de Lola, não gostam nada, mas apoiam as escolhas da filha da melhor forma que podem. Tudo está tranquilo até que o vizinho do lado, Cricket, volta para casa e Lola é apanhada pelo passado

Não chega aos pés de Anna and the French Kiss que adorei, nem por sombras, no entanto é uma leitura agradável, bem dentro do género young adult. Não sei se o problema é meu, mas ultimamente não consigo criar grande ligação com as personagens e isso voltou a acontecer com este livro. Lola passou-me completamente ao lado, os problemas dela eram-me indiferentes, muitas vezes apetecia-me mesmo dar-lhe uma chapada porque frequentemente os problemas eram simplesmente porque ou ela não sabia ter a boca fechada ou não fazia absolutamente nada. Não havia meio termo com Lola. Ela conseguia ser super irritante em algumas situações. Por outro lado, Cricket foi bem mais fácil de criar alguma empatia com. Cricket é fofo, amável, preocupado. A vida de Cricket nunca foi normal, tendo em conta a irmã gémea que era um talento da patinagem artística e saltava de um lado para o outro por causa dos treinos e das competições.

Lola and the Boy Next Door é apenas mais um livro de young adult, com todos os clichés do costume, não o digo como algo mau, mas precisava de mais qualquer coisa, algo que havia no Anna e que não existe no Lola.


~ Podem aceder à review da Joana aqui. ~

segunda-feira, 16 de março de 2015

[Livro] A bela e o vilão, de Julia Quinn


Título Original: When he was wicked
Título em Português: A Bela e o Vilão
Série: Bridgerton #6
Autor(a): Julia Quinn
Editora: Edições Asa
Páginas: 352
Data de Publicação: 10 de Fevereiro de 2015

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Sinopse:
Libertino. Devasso. Debochado. Três adjetivos que podiam descrever Michael Stirling na perfeição. Bem conhecido nas festas londrinas, quer desempenhasse o papel de sedutor ou o papel de seduzido, uma coisa era certa: nunca entregava o coração. Ele teria até acrescentado a palavra “pecador” ao seu cartão de visita se não achasse que isso mataria a pobre mãe.
Mas ninguém é imune ao amor. Quando a seta de cupido atinge Michael, dá início a uma longa e tortuosa paixão – pois o alvo dos seus afetos, Francesca Bridgerton, tem casamento marcado com o seu primo.
Mas isso foi antes. Agora, Francesca está novamente livre. Infelizmente, ela vê Michael apenas como um ombro amigo – até à fatídica noite em que lhe cai inocentemente nos braços, e a paixão se revela mais poderosa e intensa do que o mais perverso dos segredos…

Opinião:
Ontem à noite comecei e acabei o livro "A Bela e o Vilão", da Julia Quinn. Tenho uma predilecção por livros destes e a Julia Quinn é das melhores autoras do género.

Neste romance histórico, é-nos apresentada a história de mais uma das personagens da família Bridgerton, Francesca. Nos livros anteriores, há por vezes a menção que a jovem é viúva, o que logo suscita alguma confusão e interesse em saber a sua história pois normalmente estas nossas personagens têm os seus finais felizes, mesmo que demore e seja difícil.

Ficamos a saber que Francesca teve o seu final feliz, mas por pouco tempo. Durante 4 anos faz o luto ao seu marido e, quando decide voltar a casar por querer ser mãe - ela acreditava que um amor como o que teve com o marido não voltaria a aparecer- o melhor amigo do marido (e seu melhor amigo), Michael, volta da Índia no mesmo dia em que ela volta para a temporada em Londres.

O resto não vou contar senão estrago a história, mas queria dizer desde já que acho que o título em português não faz qualquer sentido, pois enquanto que Francesca é bela, Michael não é de todo um vilão. O título em inglês é muito mais indicado pois Michael é verdadeiramente wicked, no bom sentido.

Gostaria de acrescentar que gosto muito da capa, apesar da sua cor mais forte que destoa um pouco do resto dos livros da colecção, mas que eu até fiz a ligação da sua cor com a saída do luto de Francesca e com o seu desejo de ter um vestido carmesim (que se comprou, não usou durante o tempo que o livro nos conta).

Sem dúvida um livro que nos agarra do início ao fim, com uma história que nos prende e emociona, com as personagens que aprendemos a adorar (e a sentir falta!). Gostei muito de rever a Violet, a mãe de todos os nossos Bridgertons e de ver respondida uma pergunta que eu própria já tinha feito noutros livros mas que só agora foi respondida. Adorei a referência ao casamento de Colin (de um livro anterior), e de ver como ele acabou por ter um pequeno mas decisivo papel no final feliz que a sua irmã Francesca teve.

Sempre com cuidado com pormenores que o leitor menos atento pode deixar escapar, Julia Quinn informa--se sempre sobre a época em que escreve e, especialmente para este livro, sobre os conhecimentos médicos que existiam no início do século XIX.

É um livro que recomendo pela sua leitura leve e divertida, que nos traz personagens que já nos são queridas uma vez mais.