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terça-feira, 23 de junho de 2015

[Livro] O Pintor de Sombras, de Esteban Martín


Título Original: El Pintor de Sombras
Título em Português: O Pintor de Sombras
Série: --
Autor(a): Esteban Martín
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 320
Data de Publicação: 21 de Maio de 2011

Sinopse:
QUEM QUER INCRIMINAR PICASSO?
RESTARÁ ALGUÉM EM QUEM ELE POSSA CONFIAR?


Barcelona, finais do séc. XIX. Um dos maiores génios artísticos de todos os tempos é revelado ao mundo: Picasso. Desde criança que o seu talento irrequieto é avassalador. Picasso é um jovem rebelde que cedo vê os seus estudos académicos serem prejudicados pela sua irreverência. Depois de se apaixonar loucamente por uma mulher, ela abandona-o sem deixar rasto. Ela era a sua musa, a sua inspiração, a primeira mulher que amou verdadeiramente na vida. De coração partido, Picasso começa a procurar consolo na vida boémia e nos bordéis da rua Avignon. Mas tudo se complica quando alguém parece seguir os seus passos, deixando entre as prostitutas um rasto de mortes violentas que apontam Picasso como o principal suspeito. Uma por uma, as estranhas mortes vão-se tornando cada vez mais violentas e assemelham-se em tudo às que 10 anos antes assombraram as ruas de Londres.

Poderá Jack, o Estripador, ter chegado a Barcelona?

Opinião:
Comprei este livro, se não estou em erro, na Feira do Livro de 2014. Julgo que foi oferta naquelas promoções da Saída de Emergência: Compre 3 pague 2. Ao ler a contra capa e ver referência não só a Pablo Picasso, mas também a Jack, the Ripper, tive que o trazer comigo. Para quem me conhece sabe que tenho um fascínio mórbido por esta personagem da história da humanidade. Não sou uma groupie nem nada que se pareça, mas sempre me interessou a mente por trás da história.

O Pintor de Sombras está dividido em duas partes. A primeira tem o título de “Pablo Picasso” e a segunda, o de “Começa a jogo”. Como é óbvio, a primeira parte centra-se na vida de Pablo Picasso. Onde conhecemos o jovem Pablo, a sua personalidade, as suas aventuras, os seus amigos. Achei esta parte, que tem pouco mais de 100 páginas, algo maçadora. Custou-me imenso a avançar e estava a sentir-me ligeiramente frustrada e desiludida com a história. Até que certa altura há um crime – de uma prostituta que Pablo tão bem conhecia. E eis que as coisas tornam-se muito mais interessantes e entramos no segundo bloco deste livro.

Que Pablo Picasso e Jack, the Ripper faziam parte do livro, isso já sabia, o que não estava à espera era que “Sherlock Holmes” e “John Watson” aparecessem também nesta trama. Passo a explicar: vendo que a polícia de Barcelona não tinha capacidade de lidar com o crime, decidem chamar o único Detective Consultor do mundo – que é um inglês e que criou a sua própria profissão (onde é que já ouvimos isto?). Arrow e Sherrinford são dois amigos em tudo semelhantes a Sherlock Holmes e Dr. Watson, não fossem eles, neste livro, a inspiração de Sir Arthur Conan Doyle para estas personagens ficcionais.

As semelhanças entre os crimes que acontecem em Barcelona (e uns que ocorreram uns anos antes, também, em Barcelona) com os crime de Jack, the Ripper são notórias. São prostitutas, são cinco crimes horrendos, feitos com o mesmo modus operandi. Enquanto estava a ler o livro iam surgindo alguns nomes que me soavam familiares. Com a minha curiosidade a dar cabo dos meus nervos decidi investigar. Há uns anos li Jack, o Estripador: Retrato de um Assassino, de Patricia Cornwell – um livro sobre a investigação de Cornwell sobre a possível identidade e motivos do Estripador. Esse livro tem referências a pessoas que surgem neste livro como personagens. O plot, no seu termo mais geral, em tudo me fazia lembrar o filme From Hell, dos irmãos Hudges e protagonizado por Johnny Depp. Que vim a descobrir, através dos agradecimentos, que estas obras que referi, e muitas outras, serviram de inspiração para o autor.

O que acontece neste livro é que Jack, the Ripper aparecem em Barcelona e por uma razão (que não vou revelar e que terão que ler para descobrir) arranja forma de culpabilizar o jovem pintor, Pablo Picasso.

Não consegui sentir qualquer ligação com a personagem de Pablo. No entanto, Arrow e Sherrinford foram super interessantes. E, para mim, o melhor aspecto deste livro. Achei o enredo muito bem construído – principalmente a parte dos crimes e a sua solução; a relação de Arrow e Sherrinford é muito interessante e cativante; e a forma como determinadas personagens foram sendo desenvolvidas está extraordinariamente bem feito. No entanto, não sei se por estar algo familiarizada com a história de Jack, the Ripper e conseguir reconhecer alguns nomes e alguns motivos, a identidade do assassino tornou-se algo óbvia cedo de mais.

Antes de terminar queria deixar aqui duas citações – duas falas de Arrow, o Detective Consultor – que achei tremendamente interessantes e acutilantes:

Em dois meses e meio, o nosso monstro matou e mutilou pelo menos cinco mulheres em Whitechapel, ainda que existam outros crimes sem solução que a imprensa não hesitou em atribuir-lhe. Graças aos jornais, converteu-se no assassino mais célebre da história e é isso que me leva a dizer que se tornou parte da mitologia popular. Tornaram-no famoso, Sherrinford, e é precisamente este fascínio mórbido o que me inquieta, esta atenção da imprensa. Aonde queremos conduzir o público e o que queremos fazer com ele? Os novos meios de comunicação inquietam-me.
(…)

Mas não é cultura. O lixo atrofia a menta e leva as pessoas a pedirem mais e mais lixo até se transformarem em porcos, como os companheiros de Ulisses.

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