Título Original: Slightly Tempted
Título em Português: Ligeiramente Tentador
Série: Bedwyn Saga #4
Autor(a): Mary Balogh
Editora: Asa
Páginas: 336
Data de Publicação: 7 de Julho de 2015
Título em Português: Ligeiramente Tentador
Série: Bedwyn Saga #4
Autor(a): Mary Balogh
Editora: Asa
Páginas: 336
Data de Publicação: 7 de Julho de 2015
Sinopse:
Vingança. É essa a palavra que paira na mente de Gervase Ashford, conde de Rosthorn, ao conhecer a bela Lady Morgan Bedwyn. Em circunstâncias normais, o jovem aristocrata não lhe teria dispensado mais do que um breve olhar de apreciação. Mas esta é uma situação em tudo excecional pois Morgan é irmã do seu pior inimigo. Na cabeça de Gervase começa a delinear-se um plano ligeiramente tentador… Liberdade. À boa maneira da família Bedwyn, é esse o desejo de Lady Morgan. Há muito que a jovem acalenta o sonho de casar por amor, e está tudo menos disposta a ser um peão no jogo do conde. Mais, ela está decidida a mostrar-lhe que se meteu com a pessoa errada. Mas quando dá por si perdida em plena batalha de Waterloo, é em Gervase que encontra o tão desejado ombro amigo. Para o conde, a situação revela-se perfeita. Entre ele e a realização do seu plano, existe apenas um obstáculo: a voluntariosa, obstinada e irresistível Morgan Bedwyn.
Opinião:
Estes romances históricos passados nos inícios do século XIX falam sempre superficialmente da guerra com Napoleão, do Duque de Wellington, alguns até mencionam as lutas aqui na Península Ibérica, mas eu sempre achei que a maior parte das autoras evita temas como estes. E eu sempre tive alguma pena disso, porque acho que pode trazer muito mais profundidade a uma história. E foi isso que aconteceu com Ligeiramente Tentador.
Como de certeza repararam, este é o quarto livro da saga Bedwyn, e este era provavelmente o livro que mais ansiosa estava por ler, porque apesar de vermos muito pouco da personagem principal nos outros livros, Morgan Bedwyn era sem dúvida a irmã cuja história mais queria ler.
Morgan é uma beleza típica, com um dote gigante, irmã de um Duque, e podia perfeitamente ser uma rapariga tolinha que só sabia dar risinhos e não fazer mais nada – não fosse a sua família ser os Bedwyn. Com uma educação algo irreverente e exemplos da irmã mais velha que não seriam considerados os melhores para uma jovem da sociedade inglesa, Morgan cresce entre os seus irmãos mas sentindo-se sempre um pouco distante por ser a mais nova de todos.
Pouco depois de ser apresentada à sociedade, chega a Londres Gervase Ashford, um homem que tinha sido exilado pelo próprio pai e que tem uma ligação com Wulfric Bedwyn, o duque de Bewcastle, irmão mais velho de Morgan. E quando a vê, primeiramente atraído pela sua beleza, Gervase pensa que ela seria uma rapariga tonta que poderia usar para se vingar de Bewcastle – mas veremos o quanto se engana.
Morgan mostra desde logo um espírito forte e aventureiro, e ao longo do livro vamos percebendo a sua história, aquilo por que passou quando um dos irmãos esteve na guerra e ela ansiosamente esperava que ele voltasse, todos os dias com medo de uma má notícia. É como quando um dos membros do casal é, por exemplo, bombeiro ou polícia e de cada vez que sai de casa pensamos: “será que voltarei a vê-lo/a?” Não estou de qualquer maneira a diminuir o risco de qualquer outra profissão ou da própria vida, mas que estes são medos frequentes, especialmente nestas profissões consideradas “de risco”, isso são.
Voltando ao tópico da guerra que referi no início, este livro passa-se durante a guerra, em que a maior parte da alta sociedade de Londres vai para Bruxelas, onde decorria “a acção”, mas onde inicialmente não havia qualquer perigo para as pessoas que lá estivessem. Vemos uma evolução dos bailes e das reacções das pessoas, especialmente da Morgan, à medida que a proximidade da guerra entra nos salões de baile. O que inicialmente era visto como algo distante e honroso, continua a ser honroso mas está presente na mente de quem, no dia a seguir vai para a guerra e as famílias pensam: voltarei a ver o meu filho/marido/neto/irmão/etc.? E Morgan, apesar de não ter dado demasiada atenção ao jovem, fez com que Gordon, o irmão de uma amiga sua, cuja família tinha concordado levá-la para Bruxelas com autorização de Wulfric, dedicasse a si a sua luta contra Napoleão. Foi tão interessante ver as reacções dos diferentes homens, como os que eram arrogantes e se achavam invencíveis se tornam quase seres mesquinhos mesmo sobrevivendo quando tantos outros morreram. Ver homens ingleses a elogiarem os esforços não só do seu exército mas do exército francês também. Ver que a guerra não é algo bonito para ninguém, que não é algo que se deva levar ao peito no sentido em que "fui, venci e fui melhor" – porque não há propriamente um “melhor” – quantas vezes as pessoas que estão a lutar de lados contrários têm as mesmas convicções? “Estou a lutar para proteger a minha família, as minhas crenças, o meu património, etc.”. Não quer de todo dizer que seja pelas razões certas – o ser humano parece que não consegue estar nunca em paz por muito tempo, não acham?
Sei que pela minha crítica, pode parecer que este livro é sobre guerra – mas não é, ainda que esta esteja muito presente. Para mim, este livro foi bastante sobre a natureza humana.
Voltando a Morgan e Gervase – este último não tendo ido para a guerra-, encontraram-se novamente em Bruxelas, e Gervase percebeu que Morgan, apesar de inicialmente estar ali por aquela excitação que se sentia no ar, estava lá por outras razões. Allen Bedwyn, um dos seus outros irmãos, estava a trabalhar para o governo inglês, entregando mensagens directas ao Duque de Wellington, e enquanto que Morgan estava com uma família amiga, acaba por ficar em Bruxelas porque, ao contrário da maioria das mulheres da sociedade inglesa que fugiam de Bruxelas para Londres ou simplesmente não saíram de casa no momento em que a guerra despoletou, Morgan juntou-se às mulheres e irmãos dos militares, pôs as mãos ao trabalho e cuidou de feridos, moribundos, fossem de que exército fossem. Porque como disse, todos têm família, todos têm alguém que os ame e merecem, independentemente do lado porque lutaram, uma mão que os segure no momento da morte.
Gervase fica com Morgan, e apesar do quão estranho isso fosse para a época, Morgan, irreverente como era, não pensou duas vezes e ele foi o seu amigo em todas as horas, ajudou como pode, e esqueceu a vingança ao ver que aquela jovem não era “a irmã” do homem que odiava mas sim “Morgan”.
Era com Gervase que ela passava as poucas horas que não estava rodeada de feridos, num passeio no jardim, ou simplesmente num banco ao pé de casa. Ele ajudava-a a sair do buraco em que a guerra a tinha posto. E quando Allen desaparece, é Gervase que faz tudo para o tentar encontrar.
Sei que já disse muito sobre o livro e não gosto de estar a fazer spoilers, mas acho sinceramente que uma crítica a este romance merece que se diga mais que o habitual.
A guerra acaba – não podem dizer que isto é spoiler que está nos vossos livros de história! – e Morgan e Gervase voltam para Londres, praticamente sozinhos, o que ajudou muito à especulação das bocas mesquinhas da alta sociedade. Mas estes amigos não ajudam quando partilham um beijo num dos salões de baile de Londres – onde são vistos por Wulfric e outros convidados.
Morgan percebe que houve ali qualquer coisa entre o irmão e Gervase e consegue que este lhe conte o passado entre os dois, que não vos vou contar. Resumindo, toda a gente teve razão de ser para a maneira como agiu e nós não podemos culpar qualquer uma das personagens porque no lugar delas talvez também tivéssemos ficado com o nosso julgamento toldado.
A inicial manipulação de Gervase é descoberta por Morgan e esta decide vingar-se deste, mas de uma maneira que provavelmente agrada à maioria dos leitores. Com um espicaçar entre os dois, contentas passadas a serem resolvidas, chegamos ao fim do livro.
Para mim, o que gostei menos foi exactamente esta parte, pois achei que foi um pouco apressado demais, a tentar por tudo numa caixa bonita com um grande laço. Mas não deixou de ser um final esperado neste tipo de livros.
Resumindo, o meu livro favorito destes irmãos. Aguardo ansiosamente o seguimento desta série.
Estes romances históricos passados nos inícios do século XIX falam sempre superficialmente da guerra com Napoleão, do Duque de Wellington, alguns até mencionam as lutas aqui na Península Ibérica, mas eu sempre achei que a maior parte das autoras evita temas como estes. E eu sempre tive alguma pena disso, porque acho que pode trazer muito mais profundidade a uma história. E foi isso que aconteceu com Ligeiramente Tentador.
Como de certeza repararam, este é o quarto livro da saga Bedwyn, e este era provavelmente o livro que mais ansiosa estava por ler, porque apesar de vermos muito pouco da personagem principal nos outros livros, Morgan Bedwyn era sem dúvida a irmã cuja história mais queria ler.
Morgan é uma beleza típica, com um dote gigante, irmã de um Duque, e podia perfeitamente ser uma rapariga tolinha que só sabia dar risinhos e não fazer mais nada – não fosse a sua família ser os Bedwyn. Com uma educação algo irreverente e exemplos da irmã mais velha que não seriam considerados os melhores para uma jovem da sociedade inglesa, Morgan cresce entre os seus irmãos mas sentindo-se sempre um pouco distante por ser a mais nova de todos.
Pouco depois de ser apresentada à sociedade, chega a Londres Gervase Ashford, um homem que tinha sido exilado pelo próprio pai e que tem uma ligação com Wulfric Bedwyn, o duque de Bewcastle, irmão mais velho de Morgan. E quando a vê, primeiramente atraído pela sua beleza, Gervase pensa que ela seria uma rapariga tonta que poderia usar para se vingar de Bewcastle – mas veremos o quanto se engana.
Morgan mostra desde logo um espírito forte e aventureiro, e ao longo do livro vamos percebendo a sua história, aquilo por que passou quando um dos irmãos esteve na guerra e ela ansiosamente esperava que ele voltasse, todos os dias com medo de uma má notícia. É como quando um dos membros do casal é, por exemplo, bombeiro ou polícia e de cada vez que sai de casa pensamos: “será que voltarei a vê-lo/a?” Não estou de qualquer maneira a diminuir o risco de qualquer outra profissão ou da própria vida, mas que estes são medos frequentes, especialmente nestas profissões consideradas “de risco”, isso são.
Voltando ao tópico da guerra que referi no início, este livro passa-se durante a guerra, em que a maior parte da alta sociedade de Londres vai para Bruxelas, onde decorria “a acção”, mas onde inicialmente não havia qualquer perigo para as pessoas que lá estivessem. Vemos uma evolução dos bailes e das reacções das pessoas, especialmente da Morgan, à medida que a proximidade da guerra entra nos salões de baile. O que inicialmente era visto como algo distante e honroso, continua a ser honroso mas está presente na mente de quem, no dia a seguir vai para a guerra e as famílias pensam: voltarei a ver o meu filho/marido/neto/irmão/etc.? E Morgan, apesar de não ter dado demasiada atenção ao jovem, fez com que Gordon, o irmão de uma amiga sua, cuja família tinha concordado levá-la para Bruxelas com autorização de Wulfric, dedicasse a si a sua luta contra Napoleão. Foi tão interessante ver as reacções dos diferentes homens, como os que eram arrogantes e se achavam invencíveis se tornam quase seres mesquinhos mesmo sobrevivendo quando tantos outros morreram. Ver homens ingleses a elogiarem os esforços não só do seu exército mas do exército francês também. Ver que a guerra não é algo bonito para ninguém, que não é algo que se deva levar ao peito no sentido em que "fui, venci e fui melhor" – porque não há propriamente um “melhor” – quantas vezes as pessoas que estão a lutar de lados contrários têm as mesmas convicções? “Estou a lutar para proteger a minha família, as minhas crenças, o meu património, etc.”. Não quer de todo dizer que seja pelas razões certas – o ser humano parece que não consegue estar nunca em paz por muito tempo, não acham?
Sei que pela minha crítica, pode parecer que este livro é sobre guerra – mas não é, ainda que esta esteja muito presente. Para mim, este livro foi bastante sobre a natureza humana.
Voltando a Morgan e Gervase – este último não tendo ido para a guerra-, encontraram-se novamente em Bruxelas, e Gervase percebeu que Morgan, apesar de inicialmente estar ali por aquela excitação que se sentia no ar, estava lá por outras razões. Allen Bedwyn, um dos seus outros irmãos, estava a trabalhar para o governo inglês, entregando mensagens directas ao Duque de Wellington, e enquanto que Morgan estava com uma família amiga, acaba por ficar em Bruxelas porque, ao contrário da maioria das mulheres da sociedade inglesa que fugiam de Bruxelas para Londres ou simplesmente não saíram de casa no momento em que a guerra despoletou, Morgan juntou-se às mulheres e irmãos dos militares, pôs as mãos ao trabalho e cuidou de feridos, moribundos, fossem de que exército fossem. Porque como disse, todos têm família, todos têm alguém que os ame e merecem, independentemente do lado porque lutaram, uma mão que os segure no momento da morte.
Gervase fica com Morgan, e apesar do quão estranho isso fosse para a época, Morgan, irreverente como era, não pensou duas vezes e ele foi o seu amigo em todas as horas, ajudou como pode, e esqueceu a vingança ao ver que aquela jovem não era “a irmã” do homem que odiava mas sim “Morgan”.
Era com Gervase que ela passava as poucas horas que não estava rodeada de feridos, num passeio no jardim, ou simplesmente num banco ao pé de casa. Ele ajudava-a a sair do buraco em que a guerra a tinha posto. E quando Allen desaparece, é Gervase que faz tudo para o tentar encontrar.
Sei que já disse muito sobre o livro e não gosto de estar a fazer spoilers, mas acho sinceramente que uma crítica a este romance merece que se diga mais que o habitual.
A guerra acaba – não podem dizer que isto é spoiler que está nos vossos livros de história! – e Morgan e Gervase voltam para Londres, praticamente sozinhos, o que ajudou muito à especulação das bocas mesquinhas da alta sociedade. Mas estes amigos não ajudam quando partilham um beijo num dos salões de baile de Londres – onde são vistos por Wulfric e outros convidados.
Morgan percebe que houve ali qualquer coisa entre o irmão e Gervase e consegue que este lhe conte o passado entre os dois, que não vos vou contar. Resumindo, toda a gente teve razão de ser para a maneira como agiu e nós não podemos culpar qualquer uma das personagens porque no lugar delas talvez também tivéssemos ficado com o nosso julgamento toldado.
A inicial manipulação de Gervase é descoberta por Morgan e esta decide vingar-se deste, mas de uma maneira que provavelmente agrada à maioria dos leitores. Com um espicaçar entre os dois, contentas passadas a serem resolvidas, chegamos ao fim do livro.
Para mim, o que gostei menos foi exactamente esta parte, pois achei que foi um pouco apressado demais, a tentar por tudo numa caixa bonita com um grande laço. Mas não deixou de ser um final esperado neste tipo de livros.
Resumindo, o meu livro favorito destes irmãos. Aguardo ansiosamente o seguimento desta série.
Onde encontro esse livro para comprar?
ResponderEliminarPode comprar a versão portuguesa aqui http://www.wook.pt/ficha/ligeiramente-tentador/a/id/16565401?a_aid=5552459ea7992
EliminarSe quiser a inglesa pode comprar aqui http://www.bookdepository.com/Slightly-Tempted-Mary-Balogh/9780749937867?a_aid=pepitamagica
Boas leituras :)